segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cuidar-se para cuidar

"Imediatamente compreendi que era fácil estar num púlpito e indicar às pessoas o que elas deviam fazer e, depois, despreocupadamente, ir tratar de outros assuntos, sem pôr esses conselhos em prática.  [...] muitos de nós falam de boas ações, muitos de nós pensam que são melhores do que os outros devido ao nosso trabalho, educação ou vocação. Foi preciso uma vulnerável vítima de bebida para me mostrar que, se vamos abraçar a causa da benevolência espiritual, devemos também estar dispostos a praticá-la nas nossas ações. "
in: Nós somos eternos, Robert Brown

... E a mostrarmo-nos vulneráveis, o grande valor do futuro. É forte o que se mostra como é.
Para poder revelar-se assim ao mundo, o cuidador tem de descer do seu púlpito de invulnerabilidade e mostrar-se humano como os humanos, porque é o que ele é.
É também seu dever ser ele o primeiro recebedor dos seus cuidados.
E continuar imperfeito. Perfeito na sua imperfeição.
Cair, levantar-se, cuidar-se, cuidar, cuidar-se, cair, levantar-se, cuidar-se, cuidar...

sábado, 16 de junho de 2012

A consciência do corpo e das emoções na literatura






"[...] De vez em quando conduzia uma experiência imaginária. Primeiro tentava assumir a persona vienense com toda a pompa que tinha vindo a odiar. Tornava-se enfatuado e murmurava silenciosamente «Como ousa ela?». Entortava os olhos e franzia a testa, experimentando o ressentimento e a indignação que envolvem os que se levam a sério demais. Depois, suspirando e descontraindo-se, abandonava a atitude e voltava à sua própria pele - a um estado mental capaz de rir de si próprio, das próprias posturas ridículas.
Observou que cada um desses estados mentais tinha o seu colorido próprio: o enfatuado tinha arestas agudas - maldade e irritabilidade -, bem como altivez e solidão, O outro estado, pelo contrário, afigurava-se regular, suave e tolerante.[...]"
in: Quando Nietzsche chorou. Yalom, Irvin D.

E tudo isto era ele, e nada disto era ele, e tudo isto somos nós, e nada disto somos nós...



sexta-feira, 15 de junho de 2012

"Descuidei-me..."


Significa: "Deixei de me cuidar!!!"
E isso pode ser muita coisa, consoante os limites e as necessidades de cada um; faça este teste, ponha uma cruzinha :-).
Deixo de me cuidar, quando:
- deixei de ir à natação
- deixei de tomar um bom pequeno-almoço
- esqueci-me de almoçar
- nunca mais pus creme no meu corpo
- não tive tempo para dormir
- tenho tido uma alimentação p'ra esquecer
- permiti que invadissem as minhas fronteiras físicas e/ou psicológicas
- permiti algum tipo de abuso
- intoxiquei-me com pensamentos miseráveis
- não tenho um único momento por dia para estar a sós comigo
- cinema, teatro, exposições, natureza, banho de imersão com espuma, sei lá o que é isso! Há que anos...
- nem sei como está a minha respiração, acho que deixei de respirar, sou um milagre de sobrevivência...
- tenho passado os dias a culpar e criticar tudo e todos, a começar por mim
- há quanto tempo não ando a pé!
- há quanto tempo não contemplo as nuvens no céu...
- fiquei horas no computador sem uma paragem, sem uma massagem à volta dos meus olhos, sem ir à janela olhar para o longe, repousar o olhar
- respondi apressadamente a uma criança
- deixei de achar graça à chuva
- zango-me com a meteorologia
- olhei com desprezo alguém
- deixei de me perguntar: "é mesmo isto que eu quero?", "ou é só para agradar a alguém"?
- não consigo parar
- quando foi a última vez que dancei ou, pelo menos, sacudi o meu corpo?
- alguma vez me proporcionei uma massagem ou, ao menos, massajei o meu corpo?
- onde está a criança dentro de mim? desde quando deixei de a ouvir?
- como está ela? sinto-a? feliz? triste? zangada?
- saberei consolar a criança triste em mim?
- sou capaz de ficar sem fazer nada sem culpa?
- permiti-me chorar?
- apetece-me rir e faço-o sem medo?
- estou  consciente das sensações do meu corpo? Tensões, dores, formigueiros, etc?
- acredito que isto não tem importância nenhuma, são madurezas ou infantilidades de quem não tem mais nada com que se preocupar?


Desde quando esqueci de me CUIDAR?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A literatura também fala do corpo


"[...] Uma súbita rajada de vento fez bater as janelas e distraiu Breuer por um momento. Subitamente, sentiu uma rigidez no pescoço e nos ombros. Tinha estado tão atento a escutar que, durante vários minutos, não movera um só músculo. Por vezes, os doentes conversavam com ele sobre assuntos pessoais, mas jamais daquela forma.[...]"

in: Quando Nietzsche chorou. Yalom, Irvin D.

Somos médicos, pais, mães, terapeutas, tios, avós, professores, ou outra coisa, somos gente... quantas vezes não nos deparámos com uma tensão no corpo? Umas vezes passa, outras vezes nem por isso, outras ainda nem nos apercebemos dela, como se já fizesse parte de nós. E no entanto é o corpo um precioso guia de orientação pelos caminhos da nossa alma. É o tomar contacto com estas perceções, senti-las, compreendê-las, soltá-las ou integrá-las, transformá-las, apaziguá-las, respirá-las, dançá-las, que vamos aprender.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

E se um dia...


                                                                   Tucan Art
E se de repente aparecesse na sua vida alguém a querer cuidar de si? E se fosse uma pessoa que o amasse profunda e incondicionalmente? E se fosse a pessoa mais paciente do mundo? E se essa pessoa despendesse consigo tempo, conhecimento, compreensão e apoio? E se essa pessoa fosse uma presença segura e feliz? E se ela ou ele achasse graça até aos aspetos mais duvidosos do seu carácter? E se tivesse sempre uma palavra de compreensão para si? E se tivesse graça estar ao pé dele, ao pé dela? E se fosse muito seguro estar perto de tal pessoa? E se nunca fosse aborrecido estar com ela, mas muito, muito estimulante? E o acompanhasse nas suas lágrimas e as iluminasse? E se essa pessoa pudesse, com alguma pressão em certos ponto do seu corpo, provocar-lhe um profundo alívio? E se ela soubesse ensinar-lhe os gestos de reconciliação com a espinha universal? E se ela partilhasse consigo todas as técnicas que soubesse de pacificação da sua mente? E se essa mesma pessoa o acompanhasse numa viagem de resgate através de gerações da sua família e a trouxesse de volta sã e salva? E se ela conhecesse tão bem o seu corpo e os seus medos e os seus pontos de coragem que você deixaria de ter medo dos medos? E se ela respirasse e dançasse consigo e pusesse todas as suas células a dançar? E se essa pessoas fosse... doce? E se essa pessoa fosse... você?!
Essa pessoa é você. É a bela adormecida em si. Só precisa de, docemente, despertá-la. 



domingo, 10 de junho de 2012

1ª Divulgação do CUIDAR


Aprender a cuidar-se para cuidar


CUIDAR: Sessão de divulgação dia 19 de junho




às 19.30 no mesmo
Local de realização do curso:
Escola de Medicina Tradicional Chinesa
Rua D. Estefânia, 175 Lisboa
(Email:cuidar_renascimentoconsciente@hotmail.com)
(Blog: http://cuidarrenascimentoconsciente.blogspot.pt/)

Locais e contactos

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cuidar_renascimentoconsciente@hotmail.com

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